quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Casa do Estudante vive em situação de abandono

Portas quebradas, paredes descascadas, odor de urina e fezes, rachaduras e infiltrações no teto. O cenário parece o de alguma casa abandonada de um filme de terror. Mas na realidade trata-se da Casa do Estudante, local que apesar de ser ocupado por cerca de 150 pessoas,  está totalmente abandonado. Correndo o risco, inclusive, de ser interditado, segundo os moradores da casa.

Foto: Ana Silva
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O descaso com o patrimônio público já pode ser visto logo na entrada do imóvel. O portão da casa está permanentemente aberto. No local onde deveria ser a recepção da casa tem fezes e urina. O fedor é insuportável.


Um dos cenários mais crítico é na sala de estudo. O cômodo está totalmente deteriorado. Como o telhado e as paredes estão com infiltração, o salão está alagado, com lodo no chão. 

O refeitório da Casa do Estudante está fechado. Uma parte do teto desabou, restos de comida e embalagens de quentinha estão jogados pelo chão. Portas e janelas estão quebradas. Além disso, a Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (SETHAS) não fornece alimentação desde dezembro em virtude das férias escolares.

O problema é que apesar das férias, alguns estudantes não retornam para as suas casas, como é o caso de Gedelaf Paiva, 21 anos, que está na Casa há dois  meses, precisam se virar para conseguir alimentação. 

"A minha mãe manda minha comida, caso contrário não teria como comprar porque não trabalho. Comprei um fogão elétrico onde preparo minhas refeições, no quarto mesmo", disse Gedelaf que é da cidade de Pilões. Ele está em Natal para fazer um curso de Inglês e se preparar para o vestibular de Direito da UFRN.

O quarto do estudante é simples. Apenas uma rede, um ventilador, uma cadeira e uma prateleira onde ele guarda livros e objetos pessoais.

Dos 100 quartos da Casa do Estudante cerca de dez foram interditados por decisão dos estudantes em face do perigo iminente. "Há muitas infiltrações. Decidimos os quatros porque a situação estava insustentável", disse o presidente da Casa do Estudante, Luís Paulo Silva dos Santos.

A última reforma na Casa do Estudante data de 2007, no governo de Wilma de Faria. De lá para cá nada foi feito, apesar das promessas e da assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta feito entre o Governo e o Ministério Público.

O titular da SETHAS, Luiz Eduardo Carneiro, informou que o o Governo auxilia os estudantes fornecendo alimentação, água, luz e gás. E que já tentou articular uma reforma, mas precisa da ajuda dos estudantes.

"Nos comprometemos em articular uma reforma, mas precisamos  da colaboração da diretoria da Casa. É preciso que seja regularizada a questão da papelada, do pagamento ou não dos tributos e da própria diretoria", disse o secretário.

Luiz Eduardo sugeriu ainda que os estudantes buscassem apoio junto ao setor privado para a reforma.

Na Casa feminina, o problema é a falta de segurança

Diferente da situação encontrada na Casa do Estudante, as meninas que vem para Natal estudar tem um pouco mais de sorte. A diferença na estrutura pode ser percebida logo na entrada, pela fachada do prédio que está recém pintada.

Na parte interna, se a estrutura não é a ideal, é bem mais habitável do que a casa destinada aos homens. Pelo menos, aparentemente não há problemas e marcas de infiltração, teto e piso quebrados. 

"A casa passou por uma reforma recentemente. Na verdade, não foi bem uma reforma, foi mais uma maquiagem, mas com certeza a situação é bem melhor que a casa dos meninos",  disse a estudante Cynthia Maia, 23 anos.

Para elas, os maiores problemas da casa são a cozinha e o refeitório e a falta de segurança. Na cozinha, os armários estão quebrados, falta luz, entre outros problemas.

"Mas o pior mesmo é a questão da segurança. De dia não tem problema porque a Cidade Alta é muito movimentada, mas a noite isso aqui é um deserto. Um perigo para as meninas que chegam em casa depois das 21h", contou a presidente da Casa da Estudante, Aline Fidelis.

As próprias estudantes compraram uma cerca elétrica para dar mais segurança à casa. "Aqui não tem nenhum segurança, guarda patrimonial. E deveria ter, não só por se tratar de prédio público, mas por causa de nós, moradoras", disse Aline.

Para deixar a Casa em ordem as cerca de 60 meninas que moram no local contribuem com  uma mensalidade de R$30,00 que para pagar duas cozinheiras e uma faxineira.

Fonte: Jornal Tribuna do Norte

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